Goya.

Quando se trata de Francisco Goya y Lucientes é impossível ficar indiferente frente à sua obra. Seu trabalho artístico contribuiu para que se registrasse a história da Espanha durante meados do século XVIII ressaltando um conhecimento profundo da natureza dos sentimentos e das idéias de justiça, como da também da injustiça e da crueldade.

Devido a uma doença contraída no início de 1790, ficou temporariamente paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo. A alegria desapareceu lentamente de suas pinturas, as cores se tornaram mais escuras e seu modo de pintar ficou mais livre e expressivo. Com as guerras napoleônicas Goya tornou-se amargo, transformando a sua arte em um ataque contra a conduta insana dos seres humanos, passando a retratar a falta de sentido do sofrimento humano, tanto injusto como não merecido. 

O sofrimento tornou-se sua matéria prima. Pela primeira vez, a guerra foi descrita como fútil e sem glória, e pela primeira vez não havia heróis, somente assassinos e mortos.

Los Disastres de la Guerra - Goya

El Tercero de Mayo 1808 - Goya

La Carga de los Mamelucos - Goya

Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas "pinturas negras", as últimas e mais misteriosas de seu gênio atormentado. Umas das pinturas que mais chamam atenção é "Saturno devorando a un hijo", atualmente no Museu do Prado, é uma das pinturas mais horrendas jamais pintadas. Esta pintura constitui uma referência aos conflitos internos de Espanha, durante o reinado absolutista de Fernado VII, mas será também um reflexo da degradação da sua saúde física e mental.



Saturno devorando a un hijo (pinturas negras)


Dos viejos comiendo sopa (pinturas negras)

Las Parcas (pinturas negras)

Dicas de sites: 
- http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2007/06/12/000.htm
- http://www.vidaslusofonas.pt/francisco_de_goya.htm
- http://mafrayoga.wordpress.com/2009/08/30/francisco-goya-ilustre-pintor-nascido-em-zaragoza/

Avatar.





AVATAR é um filme escrito e dirigido por James Cameron que estreou no Brasil em dezembro de 2009 e apesar de apresentar uma temática ficcional, o filme enfatiza muitos elementos presentes em nosso cotidiano.
 Somos conduzidos a uma viagem espetacular à Pandora, lugar fictício, de atmosfera tóxica onde humanos e nativos lutam por, respectivamente, exploração e proteção de um minério poderoso. O ano é 2154, e o avatar é criado para imitar o corpo dos nativos, os chamados Na'vi. que possuem entre suas características a cor da pele azul, 3 metros de altura e um rabo. Jake Sully um paraplégico e herói da história, é escolhido para dar continuidade ao trabalho do irmão que havia morrido. O trabalho consistia exatamente em infiltrar-se entre os Na'vi, e encontrar o lugar onde estaria a maior concentração do minério raro, exatamente na Árvore da Vida. De caráter relutante, em sua primeira experiência com o avatar, Jake empolga-se com a emoção de poder andar novamente, e perde-se do grupo, no meio da floresta corre perigo e por sorte encontra uma nativa (Neytiri), ela decide deixá-lo mais ao perceber um fenômeno, ela leva Jake ao clã dos Na'vi. Desse encontro nasce uma bonita amizade, Jake é acolhido pelos Na'vi, se apaixona por Neytiri e quando se dá conta está muito envolvido com a vida em Pandora, no meio dessa guerra, chega um ponto em que Jake deve decidir de que lado esta.
O filme vai muito além dos efeitos especiais, um ponto muito enfatizado pela mídia, mas além desse atrativo, podemos estabelecer uma rede que liga presente, passado e futuro. Vivemos a complexidade de um mundo que entre suas engrenagens arrojadas estão a ambição desenfreada, o turbilhão das rápidas e acessíveis transformações tecnológicas que acabam por nos tornar marionetes e agentes de um comportamento desmedido. Acabamos tornando-nos sujeitos de uma realidade terrível: escravos da busca de tentativas em solucionar problemas que teimamos em criar e muitas vezes desnecessários.
Podemos ainda enfatizar uma comparação histórica:
1) Anacronismo: os Na'vi eram vistos como selvagens e incivilizados por viverem à sua maneira e por defenderem a natureza, bem aos moldes da colonização européia no século XVI;
2) Ambição: na história do mundo moderno a exploração das riquezas minerais de espaços geográficos considerado “inferiores” como, por exemplo, o caso das colônias de Portugal e Espanha;
3) A supremacia de uma raça: no filme temos os humanos x Na'vis, no panorama terráqueo e em termos políticos, podemos fazer uma alusão à supremacia estadunidense;
4) Preocupação com o meio ambiente: talvez, assim como os terráqueos do filme, antes de 2154 teremos que empreender um novo processo de colonização, dessa vez em planetas.

Na minha opinião o filme causa um impacto emocional, com seu caráter ecológico e político, e sutilmente tenta retratar que toda essa avalanche de tecnologia, um dia pode nos causar danos irreparáveis. A vontade é de ir embora para Pandora e viver com toda aquela exuberante biodiversidade, (e por que cargas d'água esse lugar não existe?) a sensação após assistir o filme é de como somos acomodados em relação às nossas atitudes e comportamentos! Como estamos preocupados demais com problemas muitas vezes tolos, ínfimos. Talvez, mais empenho na questão do desenvolvimento sustentável pode nos render saldos positivos, mas até lá há muito que refletir e agir. Aliado a todo esse discurso ainda encontramos uma história de amor, onde valores complexos são modificados em prol de um bem comum.
Enfim, o filme AVATAR possui além da temática abordada nesse texto, vários simbolismos podendo ser descortinada em outros pontos de vista, resumindo-se numa suposta previsão para o mundo através de uma crítica à ambição desenfreada do homem em relação à natureza ou mesmo ao feroz modelo político atual e do lamentável comportamento e descaso do ser humano frente ao conforto que tais empreendimentos podem acarretar. 

Joyce Gonçalves .